Ser ator ou atriz, como diz o clichê, é um caminho de sangue, suor e lágrimas. Para começar a construir qualquer esboço de personagem, é preciso, primeiramente, aprender a se conhecer de forma ampla e irrestrita; aprofundar cada investida da retroescavadeira mental e permitir a entrada de si mesmo cada vez mais fundo.
Durante esse processo de autoconhecimento, regado de aprendizado, incerteza, frustração, erros e acertos, é preciso contar, sem dúvida, com pilares que sustentem e estimulem a exploração de cada aluno. No caso do Formação de Atores da Casa de Teatro de Porto Alegre, tal alicerce é formado pelo quarteto de professores: Zé Adão Barbosa, Graça Nunes, Carlota Albuquerque e Marcelo Delacroix. Numa sequência que ilustra brevemente o papel de cada um, podemos descrever a busca pela ação interna, a posição exata em cena, o corpo consciente e a voz projetada. Essa simplificação do fazer, técnicas que se somam para os resultados, passam despercebidas pelo grande público, mas constituem tarefa árdua para o aluno em formação, além de determinante para seu futuro profissional.
É preciso apurar todos os sentidos para ir além do cotidiano. Em uníssono com os 24 alunos, os professores buscaram durante o ano o clímax em cada exercício e avaliação. Agora, com a montagem do Mambembe, não é diferente: ensaio, ensaio, ensaio. A professora Carlota Albuquerque trouxe durante o ano a premissa de que "o bom é melhor que o ótimo", de forma que cada um respeitasse seu limite ao tentar transpô-lo. Assim, com a reta final para a apresentação do espetáculo, todos os envolvidos na feitura esperam nada menos que ótimo para estrear fazendo barulho ao melhor estilo mambembeiro.
O público vai poder conferir o Mambembe nos dias 10, 11, 12, 17, 18, 19, 24, 25 e 26 de janeiro, no palco do Museu do Trabalho (ou, quem sabe, "na praça, no circo, num banco de jardim").
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
domingo, 11 de dezembro de 2011
A integração de texto, palco e público
Burleta de Artur de Azevedo é considerada uma das maiores comédias brasileiras
O Mambembe, texto escrito por Artur de Azevedo em 1904, foi encenado pela primeira vez no mesmo ano sem repercussão. A montagem de maior destaque foi encenada pelo Grupo Teatro dos Sete, em 1959, no Rio de Janeiro. Marco na trajetória do Teatro dos Sete e na história do teatro brasileiro, o espetáculo dirigido por Gianni Ratto contou com elenco de mais de sessenta atores e alcançou sucesso de público e crítica baseado em três alicerces: a comicidade, a plasticidade e a comunicação com o público.
Em entrevista, Gianni Ratto fala sobre a escolha da peça:
"[...] Foi a Fernanda Montenegro quem me deu O Mambembe para ler. Pouco antes, o Sadi Cabral tinha montado a peça e tinha sido um fracasso. Então, quando comunicamos à pobre mídia que a gente tinha na época que faríamos O Mambembe, ninguém acreditou: - 'Acabou de fracassar e vocês vão montar isso com uma companhia nova?' Digo: 'Vamos'. E montamos com o espírito de Artur Azevedo, um homem maravilhoso que dedicou parte importante de sua vida ao teatro. E tivemos êxito. Quando o espetáculo acabou, o Theatro Municipal em peso levantou e aplaudiu longamente, não acabava nunca, os atores voltaram cinquenta vezes ao palco. Não estou dizendo isso para me gabar, mas foi uma coisa embriagadora [...]".
Fonte: http://bit.ly/uIpDZf
A obra, o autor
Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo, nascido em São Luiz no dia 7 de julho de 1855, faleceu na cidade do RJ em 22 de outubro de 1908. Artur foi um grande dramaturgo, também foi poeta, contista e jornalista. Escreveu cerca de duzentas peças para o teatro e tentou criar o Teatro Nacional, incentivando a encenação de obras brasileiras. Como diretor do Teatro João Caetano no RJ, encenou quinze originais brasileiros em menos de 3 meses. Dando prosseguimento a obra de Martins Pena, consolidou a comédia de costumes brasileira, sendo no país o principal autor do Teatro de Revista. Também foi um dos grandes defensores da abolição da escravatura, tendo escrito as peças "O Liberato" e "A Família Salazar", proibidas pela censura do império, e mais tarde publicadas um um volume entitulado "O escravocrata".
Fontes:
http://bit.ly/vjq40y
http://bit.ly/sy1kGf
O início
A turma do curso de Formação de Atores da Casa de Teatro de Porto Alegre iniciou suas atividades em março de 2011. No corpo docente, os professores Zé Adão Barbosa (interpretação), Graça Nunes (improvisação), Marcelo Delacroix (musicalidade) e Carlota Albuquerque (expressão corporal). Durante o ano, os quatro professores aliaram suas técnicas para fornecer aos alunos caminhos para que se desenvolvessem. Foram aulas intensas e transformadoras, nas quais os alunos receberam ensinamentos éticos e disciplinares, que, além da técnica basal, envolvem conceitos, cuidados e condutas que devem permear a carreira de um ator. As provas dos atores em formação foram abertas ao público, de forma a também iniciar a familiarização com a platéia, proporcionando o contato com a responsabilidade e auto-conscientização do trabalho apresentado. Todo conteúdo programático foi focado na profissionalização do ator, com o diferencial de aliar teoria e prática ao processo didático, formando profissionais para o mercado de trabalho no teatro, no cinema e na televisão.
Confira as fotos de todo esse processo no Facebook: http://on.fb.me/tUlaRS
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